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Vacinação em massa pode conter avanço das variantes do coronavírus

Medidas não farmacológicas, como higiene das mãos, distanciamento social, e uso de máscaras, também são tão importantes quanto a vacina

às 23h55
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Desde o dia 31 de dezembro de 2019, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi alertada sobre vários casos de pneumonia na cidade de Wuhan, na China, já tivemos mais de 212 milhões de casos e 4,44 milhões de mortes da chamada Covid-19, doença transmitida pelo SARS-CoV-2, popularmente conhecido coronavírus. Desde o início, esse vírus tem uma alta taxa de transmissibilidade e mortalidade, mas o alto número de casos e mortes da doença nos últimos meses são atribuídos às chamadas “variantes”, que são as mutações do vírus. 

A ciência já demonstrou que todos os vírus sofrem mutações e que esse é um processo natural, pois eles sofrem erros e mutações durante o processo de replicação. Quando acumula mudanças, passa a ser chamado então de variante. No caso do coronavírus, isso aconteceu quatro vezes, criando as variantes Alfa (Reino Unido); Beta (África do Sul); Gama (Brasil) e Delta (Índia). No Brasil, a variante que predomina é a Gama, também conhecida como P1, detectada no começo do ano no estado do Amazonas.  

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), essas são as variantes de preocupação, porque há evidências de que elas são mais transmissíveis e podem escapar da imunidade adquirida (via vacina ou infecção natural) além de provocar versões mais graves da Covid-19. O médico infectologista Matheus Todt, professor do internato de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit Sergipe), ressalta que a Delta é a variante que mais preocupa os cientistas e as autoridades de saúde. . 

“Assim como a variante do Reino Unido, que mostrou-se com alto poder de contaminação e de mortalidade, com transmissibilidade entre 30 e 50% maior do que as linhagens anteriores, a delta também tem alta capacidade de transmissão da doença e um indivíduo infectado transmitir a até 15 pessoas e isso pode estar associado com os últimos aumentos de casos na China e, mais recentemente nos países da Europa e dos Estados Unidos. Esta variante já circula no Brasil em transmissão comunitária, pois circula nas comunidades sobretudo de São Paulo e Rio de Janeiro fazendo com que corramos o risco de  termos um uma nova onda de casos associadas”, frisa.

Existe o risco de que a variante Delta possa causar uma terceira onda de casos e, para evitar que tal aconteça, a aceleração e a intensificação das campanhas de vacinação em massa contra a Covid-19 se fazem necessárias. “A gente tem uma cobertura vacinal que engrenou faz pouco tempo, com menos de 25% da população devidamente imunizada com as duas doses ou dose única. Para pensar que vamos realmente alcançar a imunização de modo a conter a progressão dessa pandemia, é importante vacinar muito mais pessoas. A cobertura vacinal está insuficiente”, alerta Todt.

Medidas sanitárias e distanciamento 

A preocupação da OMS com a Delta se justifica pela taxa de transmissão ser cerca de 60% maior do que a variante Alfa, que já se alastrava 50% a mais em comparação com a cepa original do coronavírus. Para conter o avanço dessa e de outras variantes que possivelmente surjam, principalmente pela demora da imunização, o médico diz que não se pode relaxar nas medidas não farmacológicas de proteção, mas sim aumentá-las de forma intensiva. “É fundamental que todas as pessoas se vacinem, mas é importante o isolamento social, evitar aglomerações, fazer uso de máscaras, higienizar as mãos”, orienta Matheus. 

O professor salienta que, mesmo a situação sendo considerada de “acalmia”, estado de calma após uma grande tempestade, os cuidados devem permanecer. “Estamos com o número de casos reduzindo, ocupação de leitos de UTI reduzida, mas a gente tem uma situação que não é confortável. Há um risco real de aumento de casos e apesar de termos progredindo bem na vacinação durante a última semana, ainda não é suficiente. Precisamos chegar a 75% da população imunizada ou é possível um novo pico de casos. Até que se prove o contrário, todas as vacinas disponíveis e autorizadas atualmente são capazes de proteger contra as variantes em circulação”, garantiu.

Asscom | Grupo Tiradentes

 

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