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Novelas rompem o espaço da TV e despertam interesse dos streamings

Interesse do público leva plataformas a oferecerem novelas em seus catálogos e começaram a planejar produções próprias; movimento é seguido por emissoras de TV

às 20h17
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O mercado audiovisual brasileiro acompanha atentamente as movimentações das plataformas de streaming que, depois de conquistarem público e mercado com séries de sucesso, preparam-se para adentrar em uma área há muito dominada pela televisão: as novelas. Um passo nesse sentido foi dado pela Netflix, que nos últimos meses vem contratando diretores que já passaram pela TV Globo, além de atores que vinham sendo dispensados da emissora carioca, desde que ela adotou o chamado “contrato por obra”, isto é, mantendo o vínculo com os artistas apenas durante a duração de uma novela ou minissérie. 

Outra plataforma de streaming, a Amazon Prime, também estuda dar esse passo, embalada pela boa repercussão da série nacional “Dom” e pela inclusão, em seu catálogo, de novelas produzidas na Turquia, na Venezuela, na Colômbia e no México, especialmente as da rede Televisa – com destaque para “O Que a Vida Me Roubou”. A própria Netflix também passou a ofertar novelas destes países, a exemplo de “Betty, a Feia, em Nova York”. 

A estratégia passou a ser adotada depois que a Globo começou a colocar alguns dos clássicos de seu acervo, como “Roque Santeiro”, “Avenida Brasil”, “Tieta”, “O Rei do Gado”, “Laços de Família” e “A Favorita”, na lista da sua própria plataforma, a Globoplay. Em outro lance que alvoroçou o mercado, ela também adquiriu produções da Televisa, como “A Usurpadora” e “Maria do Bairro”, que até então eram exibidas apenas no SBT, além da turca “Fatmagül, a Força do Amor”, mostrada no Brasil pela Band. Outra TV concorrente, a Record, foi pelo mesmo caminho e usou a sua plataforma PlayPlus para disponibilizar produções de seu maior filão: novelas bíblicas como “Os Dez Mandamentos”, “Jesus” e “Apocalipse”. 

A entrada das novelas nas plataformas de streaming se explica pelo comportamento de muitos usuários, que aproveitam a disponibilidade das produções, a qualquer horário e local, fazendo a chamada “maratona”, quando vários capítulos são assistidos em sequência. É o que também acontece com as séries e minisséries, tanto de TV quanto as originais de streaming. A diferença está no formato e na linguagem de cada produto. 

As séries são produções de temporadas lançadas a cada ano, com média entre 10 e 25 episódios por temporada, sendo que eles podem ser lançados todos de uma vez ou divulgados um por semana. Elas também se caracterizam por histórias mais densas e complexas. Já as novelas se estendem por uma média entre seis e oito meses, com a exibição de um capítulo por dia, em um formato que se mantém desde “2-5499 Ocupado”, lançado em 1963 pela antiga TV Excelsior. E as tramas contadas são mais simples, sem deixar de lado seus toques de emoção e surpresa.

Falando em tempos antigos, a transição das novelas da TV para o streaming é um processo semelhante ao que aconteceu entre as décadas de 1950 e 1960, quando o rádio dominava a produção de novelas e programas de comédia, com destaque para “O Direito de Nascer”, “Jerônimo, Herói do Sertão” e “Balança mas não Cai”, ambas da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, e para emissoras que chegaram a se especializar em radionovelas, como a Rádio São Paulo. Os canais de TV inaugurados a partir dali, como Tupi, Excelsior e Record, passaram a absorver os autores, técnicos e atores que se destacavam no rádio, assumindo o protagonismo do gênero e levando o veículo a buscar novos caminhos, intensificando sua presença na música, no esporte, no jornalismo e na comunicação popular.

Asscom | Grupo Tiradentes

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