Ao longo do tempo, o Programa de Pós-Graduação, de Mestrado e Doutorado em Engenharia de Processos (PEP), da Universidade Tiradentes (Unit), vem atingindo patamares cada vez mais significativos. Com pesquisas de grande relevância e corpo docente altamente qualificado, o reconhecimento pode ser traduzido pelas inúmeras conquistas do programa.
Com conceito 5, atribuído pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão que regulamenta a pós-graduação brasileira, o PEP se consolida entre os destaques do Nordeste e do país. No Brasil, apenas três programas em Engenharia Química/Engenharia de Processos possuem o conceito 5, entre eles o da Universidade Tiradentes.
“A excelência nacional demonstra o compromisso e a qualidade da Unit com a pesquisa e pós-graduação desenvolvida no Estado de Sergipe e em parceria com diversas instituições, tanto no país como no exterior”, comenta a coordenadora do Programa de Pós-graduação em Engenharia de Processos, doutora Eliane Bezerra. “O reconhecimento é resultado de trabalho continuado e de muita dedicação. A universidade se destaca quando possui uma massa crítica de pesquisadores que apresentam elevada produção científica, reconhecida internacionalmente por meio de citações destes trabalhos em todo o mundo. Toda a nossa atuação é de extrema importância, porque torna a universidade cada vez mais reconhecida”, acrescenta.
Em mais um resultado bastante significativo para o programa, das 11 bolsas contempladas na Chamada CNPq nº 16/2020 – Bolsas Especiais Pós-Doutorado Júnior (PDJ) na área da Engenharia Química, duas são direcionadas a pesquisas que serão desenvolvidas na Unit, no âmbito do Programa de Pós-graduação em Engenharia de Processos.
“O objetivo da Chamada PDJ é apoiar projetos de pesquisa que visem contribuir para o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação no país, por meio da concessão de bolsas de pós-doutoramento em todas as áreas do conhecimento”, explica a coordenadora.
Cláudio Dariva, professor e pesquisador da Unit e membro do Comitê de Assessoramento de Engenharia Química do CNPq, explica como funciona o processo. “As bolsas PDJ são voltadas para recém-doutores que visam continuar desenvolvendo suas atividades em centros de pesquisa de excelência. O candidato aplica um plano de trabalho para ser realizado em um determinado centro de pesquisa e os comitês avaliam a recomendação dessa bolsa. Além do currículo do candidato, a experiência do supervisor e a qualidade da instituição que receberá esse pesquisador são também consideradas. A decisão final da implementação das bolsas cabe ao Conselho Deliberativo do CNPq”, enfatiza.
Para Dariva, o resultado do edital, um dos mais concorridos da história, demonstra a qualidade e excelência das atividades desenvolvidas dentro do PEP/Unit. “Os dois pesquisadores contemplados tiveram formação em outras IESs e virão à Unit para desenvolver uma nova etapa de sua carreira. A Unit teve um reconhecimento em base comparativa com outras instituições nacionais”, salienta.
“É uma chancela que coloca a Universidade Tiradentes como um importante centro de desenvolvimento, uma vez que deve apresentar condições humanas e de estrutura para receber pesquisadores. O resultado evidencia, portanto, a excelência das atividades de pesquisa desenvolvidas na nossa instituição, a produtividade e o nível dos pesquisadores, refletindo de forma abrangente a qualidade da instituição de ensino. A Unit é um case de sucesso para o sistema nacional de ciência e tecnologia, mostrando que é possível desenvolver pesquisas de altíssima qualidade fora dos grandes centros”, complementa. Dariva também é pesquisador do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP).
Pesquisas
Entre as pesquisadoras contempladas estão Joselaine Santana, graduada em Química pela Universidade Federal de Sergipe, mestre e doutora em Química pela mesma instituição, e Maiara Barbosa, bacharel e licenciada em Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, mestre e doutora em Química pela mesma universidade.
Joselaine Santana desenvolverá a pesquisa Produção de etanol celulósico a partir do aguapé, bagaço de cana, palha de milho e casca de coco utilizando o pré-tratamento organosolv com glicerol bruto e FeCl3, sob a supervisão do professor Cláudio Dariva. “O tema da pesquisa possui notável importância no cenário do desenvolvimento de bioenergias e contribui de modo relevante no campo de pesquisa relacionado à produção do etanol celulósico. Esse biocombustível de segunda geração possui inerentemente a característica bastante promissora relacionada ao uso da biomassa lignocelulósica residual como matéria-prima, a exemplo do bagaço de cana e da casca de coco”, observa.
“Para que sua produção possa se tornar uma realidade em nossa matriz energética é preciso aperfeiçoar o processo, considerando a sustentabilidade econômica e ambiental. Nesse contexto, a pesquisa em questão representa um avanço, ao propor a utilização do glicerol como solvente na etapa fundamental do processo, o pré-tratamento. O glicerol é um solvente não tóxico, ambientalmente seguro”, completa.
De acordo com a pesquisadora, a proposta do estudo é consolidar o uso do glicerol bruto residual advindo da produção do biodiesel, além de propor processo inovador para o processamento de resíduos da agroindústria. “A pesquisa contribuirá para a valorização da indústria do biodiesel e barateamento da produção do etanol celulósico”, afirma.
“A contemplação do projeto com a bolsa é um indicativo de sua relevância para o desenvolvimento científico do país. Escolhi a Universidade Tiradentes por possuir toda a estrutura necessária para o desenvolvimento da pesquisa, contando com professores/pesquisadores conceituados, a exemplo do supervisor do projeto, o professor Cláudio Dariva que, por possuir um currículo excelente, contribuiu para a aprovação do projeto.”, considera.
Já Maiara Barbosa desenvolverá o projeto de Pós-doutorado Júnior do CNPq intitulado Síntese de ânodos óxidos metálicos utilizando laser de CO2 empregando álcool polivinílico como solvente para o tratamento de efluentes contaminados com metformina, sob a supervisão do doutor Giancarlo Richard Salazar Banda.
“O projeto que irei desenvolver como pós-doc pela Unit tem como finalidade produzir uma tecnologia ambientalmente favorável para o tratamento de efluentes contendo o antidiabético metformina. Estudos recentes revelam que o consumo exacerbado e o descarte não controlado de medicamentos podem gerar efeitos agudos (letais) e de longo prazo. O fármaco metformina é um dos produtos farmacêuticos mais prescritos e consumidos em todo o mundo”, explana a pesquisadora.
“A preocupação em relação à presença de poluentes deste tipo em efluentes envolve tanto o ponto de vista da preservação da saúde humana como da preservação do meio em que eles são descartados, pois dentre a comunidade científica ainda não se tem dados suficientes sobre quais efeitos adversos podem ser causados pela presença destas substâncias tóxicas no meio ambiente, devido à sua alta toxicidade, persistência ambiental e bioacumulação”, detalha.
Para a pesquisadora, a importância desta e de outras pesquisas científicas é proporcionar à sociedade em geral o desenvolvimento tecnológico que favoreça não apenas a comunidade científica, mas que proporcione o bem-estar e a saúde humana.
“Acredito fielmente na importância da pesquisa brasileira para o mundo acadêmico e para a sociedade. O meu desejo é que, em um futuro próximo, todos possam ter essas oportunidades e que saibam aproveitá-las da melhor forma possível”, reitera.
O professor doutor Giancarlo Banda também evidencia a relevância da aprovação do projeto. “É um reconhecimento ao trabalho feito na universidade. Além disso, será possível ampliar a rede de colaboração entre grupos de pesquisa brasileiros, visto que a pesquisadora possui parcerias sólidas com o Laboratório de Eletroquímica Ambiental e Aplicada, na UFRN, sob a supervisão do Prof. Dr. Carlos Alberto Martínez Huitle. O grupo de pesquisa do Prof. Martínez Huitle é um grupo sólido, com conhecimento na área de degradação eletroquímica de compostos orgânicos e eletroanálise. Além disso, possui uma vasta parceria com grupos mundialmente importantes para o desenvolvimento da ciência”, reconhece.
“Estamos muito animados com o projeto, esperamos conseguir excelentes resultados, que possam ser convertidos em publicações e patentes para o país e, principalmente, que sirvam como alicerce científico para o desenvolvimento tecnológico, social e ambiental do Brasil e da Região Nordeste. Esperamos que a tecnologia que desenvolveremos possa ser aplicada em benefício da sociedade e do nosso planeta, o qual vem sofrendo com os impactos da poluição há décadas, pois os sistemas de tratamento de águas usados na atualidade não conseguem remover contaminantes emergentes não biodegradáveis, como é o caso da metformina”, finaliza o pesquisador.
Os projetos serão desenvolvidos no período de 12 meses.
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