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Aquecimento global pode causar surgimento de novas doenças, diz pesquisadora

O crescimento populacional que demanda mais espaços urbanos e a degradação do meio ambiente aceleram o aquecimento global

às 23h02
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Termos que quase sempre estão juntos, aquecimento global e mudanças climáticas são duas coisas diferentes em sua origem e significados. O aquecimento global é uma das mudanças climáticas que contêm uma série diversa de fenômenos. Segundo o Dicionário de Definições Oxford Languages, clima é o conjunto de condições atmosféricas que caracterizam uma região, pela influência que exercem sobre a vida na Terra. Logo, as mudanças climáticas ocorrem no planeta desde seu início, uma vez que o clima muda constantemente ao longo do tempo, geralmente levando de dezenas a milhares de anos. 

“Nelas estão incluídas a temperatura, a intensidade das chuvas e eventos climáticos extremos, como furacões e ondas de calor. Essas mudanças podem ocorrer de forma natural, por meio da radiação solar e dos movimentos de órbita da Terra ou podem ser consequência das atividades humanas. Estes, mais preocupantes”, alerta a engenheira ambiental Tainá Teixeira Cavalcante, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Tecnologias e Políticas Públicas (Sotepp) do Centro Universitário Tiradentes (Unit Alagoas). 

O aquecimento global foi o termo que ficou mais popularizado, mas o que temos são picos de calor e picos de frio, os dois extremos. “É importante que as pessoas saibam dessa diferença, porque  as pessoas esquecem que o que a gente está enfrentando são mudanças climáticas com extremos de temperatura, de cheias, de secas e a tendência é ficar cada vez mais acentuado, refletindo também na aceleração de morte de pessoas, doenças e vírus “, menciona Tainá, que também é bolsista Capes. 

Atualmente, a temperatura média global é de 15ºC, segundo dados da ONG WWF, que também aponta evidências geológicas de que ela já foi bem mais alta e bem mais baixa no passado. Recentemente, devido à ação humana, a temperatura no planeta está aumentando mais rápido, conforme apontam as principais pesquisas mundiais sobre o assunto. 

Uma delas vem do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), órgão científico ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), o qual dá 90% de certeza que o aumento de temperatura na Terra está sendo causado pela ação do homem. De acordo com Tainá Cavalcante, o termo “aquecimento global” ganhou bastante evidência em todo o mundo durante a Eco-92, evento mundial sobre o meio ambiente que reuniu chefes de estado e de governo no Rio de Janeiro, em junho de 1992, no Rio de Janeiro, e quando surgiu o IPCC. 

“É quando se falava muito sobre a emissão dos gases CFC, que interferiam na camada de ozônio, resultando em mais radiação e aquecimento. Atualmente, mesmo havendo acordo internacionais para emitir menos poluentes, continuamos a fazê-lo, ocorrendo fenômenos como os mexilhões que morreram cozidos no Canadá, pois a água aqueceu a esse ponto”, contextualiza Tainá.

Desde então, há várias linhas de pesquisa, sendo que algumas afirmam que o planeta se encaminha para o caos e outras que as variações climáticas sempre ocorreram, mesmo sem a ação humana. “Alguns pesquisadores defendem a hipótese de que as alterações e mudanças do clima fazem parte de um ciclo que já se repetiu antes e que pode se repetir daqui a milhares de anos. Outros paradigmas científicos acreditam que o planeta está seguindo uma direção em que as mudanças climáticas têm sido extremamente perigosas, caminhando mesmo para o caos”, diz a engenheira ambiental. 

População e espaços cultiváveis 

O crescimento global da população e a demanda crescente por alimentos, água e recursos naturais somam-se a outras preocupações provocadas pelo aquecimento global, como questões de saúde, a exemplo da pandemia de Covid-19, que estão diretamente ligadas às mudanças climáticas. “Estamos degradando cada vez mais o meio ambiente natural para suprir o espaço que o crescimento populacional demanda. Há mais pessoas no mundo e precisamos de mais ambientes urbanos, o que causa a invasão do espaço natural dos animais, que ficam mais próximos do homem por exemplo, e possibilitando o surgimento de patógenos que causam doenças”, alerta Tainá. 

Embora a covid-19 seja o maior problema que estamos enfrentando, devido às mudanças climáticas, a pesquisadora acredita que outras pandemias devem surgir. “Na realidade, com o mundo em desenvolvimento, temos, de fato, a população crescendo, e isso envolve o consumo de alimentos, mais áreas para plantação de alimentos e criação de animais. Esse é um cenário difícil de reverter e, num curto prazo, regredir as condições climáticas, pois avançamos cada vez mais no progresso, nas descobertas e criações e produtos que facilitam a vida dos seres humanos, mas também possibilitando novas doenças e novos fenômenos do clima”, finaliza. 

Asscom | Grupo Tiradentes

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