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Alimentação e combustível: desafios orçamentários dos brasileiros

Pesquisa da Elo revela que para a baixa renda, o impacto é ainda maior

às 20h37
Foto: Agência Brasil
Foto: Agência Brasil
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A economia brasileira tem passado por oscilações e desafios, e um fator que impacta diretamente a vida dos cidadãos é o peso da alimentação e combustível no orçamento. Segundo pesquisa realizada pela Elo, uma das principais empresas de tecnologia de pagamentos do país, gerida pelo Banco do Brasil, Caixa Econômica e Bradesco, esses dois itens representam 41% do orçamento médio dos brasileiros. Para a parcela de menor renda, esse número aumenta para alarmantes 46%.

Para compreender esse cenário, o vice-presidente de Relações Internacionais do Grupo Tiradentes, Saumíneo Nascimento, explana sobre a dinâmica complexa que envolve a restrição orçamentária, que dita as escolhas do consumidor baseadas em sua renda. “Quanto menor a renda, menores as opções de escolha. As pessoas precisam de alimentos para viver e realizam deslocamentos para irem ao trabalho, estudos, lazer e outras necessidades”, afirma.

O aumento do peso desses itens fundamentais está atrelado à recente inflação que atingiu esses setores. Enquanto o índice oficial de inflação (IPCA) acumula 5% nos últimos 12 meses, produtos como arroz e farinha de mandioca tiveram aumentos de 11,84% e 28,46%, respectivamente. Saumíneo ressalta que o tipo de alimento predominante na cesta de compras influencia diretamente nesse peso no orçamento.

Para os estratos de menor renda, a prioridade dada a alimentos e combustíveis é ainda mais acentuada. “É a questão da linha da restrição orçamentária, que impõe que você use a renda para os chamados bens essenciais, como é o caso de alimentos e transportes. Ademais, os hábitos de consumo também desempenham um papel crucial, e recentes mudanças indicam que os mais vulneráveis têm adquirido alimentos industrializados, que, apesar de práticos, tendem a ser mais dispendiosos”, explica.

Desigualdade social e o padrão de consumo

A diferenciação entre as classes se torna ainda mais evidente quando é observado o padrão de consumo. Famílias de renda mais elevada dedicam uma proporção menor de seu orçamento para alimentos e combustíveis, direcionando recursos para outros gastos, como viagens e vestuário. Dados do FGV Social apontam que o 1% mais rico possui uma renda média de R$ 27 mil, enquanto o 0,1% mais abastado ultrapassa R$ 95 mil mensais, evidenciando as distinções no padrão de consumo.

“O aumento dos preços de alimentos e combustíveis não é apenas uma questão de orçamento familiar, mas reverbera na economia como um todo. Com o peso desses itens aumentando, há uma realocação de recursos, afetando setores como mobiliário, vestuário e lazer, que sofrem com a redução da disponibilidade de renda das famílias”, pontua.

Neste contexto, Saumíneo destaca a importância de estratégias como o uso do pix e do cartão de crédito, que influenciam os hábitos de consumo. “O pix facilitou as transações, dinamizou e evita o uso de cédulas e moedas nas transações de compra e venda. Já o cartão de crédito aumenta o poder de compra, quebra barreiras, especialmente por permitir parcelar compras e isto afeta os hábitos de consumo, especialmente nos ambientes digitais”, esclarece.

A elevação dos preços desses itens essenciais tem implicações profundas na vida cotidiana dos brasileiros. Diante dos desafios, a busca por soluções que garantam o acesso a alimentos e combustíveis a preços justos torna-se crucial não apenas para os indivíduos, mas para a saúde econômica do país como um todo.

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