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Como os bons hábitos ajudam a envelhecer de forma ativa e saudável

A conscientização coletiva em torno da qualidade de vida na terceira idade tem aumentado juntamente com a própria participação dos idosos no somatório da população brasileira

às 20h29
O envelhecimento saudável passa pelo equilíbrio de hábitos como a atividade física diária, a diminuição do estresse e a adoção de uma alimentação mais saudável (Asscom Unit)
O envelhecimento saudável passa pelo equilíbrio de hábitos como a atividade física diária, a diminuição do estresse e a adoção de uma alimentação mais saudável (Asscom Unit)
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Muitos brasileiros têm experimentado cada vez mais a sensação de chegar à “terceira idade” com a disposição de saúde e bem-estar igual ou semelhante à de anos anteriores. São os que têm buscado adotar hábitos e rotinas mais saudáveis em suas vidas, melhorando a alimentação e diminuindo o envolvimento com situações de estresse. Outras pessoas passaram a adotar esta meta em suas resoluções de ano novo. A conscientização coletiva em torno deste tema tem aumentado juntamente com a própria participação dos idosos no somatório da população brasileira. 

Dos 216 milhões de habitantes, mais de 22,1 milhões são maiores de 65 anos, o que equivale a 10,9% da população. Os dados são do Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e representam uma alta de 57,4% em relação ao Censo 2010, quando esse contingente equivalia a 7,4% da população. Outro dado relevante é a presença de dois brasileiros como as pessoas mais idosas do mundo, conforme o levantamento do LongeviQuest, banco mundial de dados e pesquisas sobre longevidade e envelhecimento: a religiosa gaúcha Inah Canabarro Lucas, de 116 anos; e o agricultor cearense João Marinho Neto, com 112 anos. 

Daqui surge uma pergunta: como eu posso viver mais tempo mantendo a forma ativa e saudável? A resposta vem do que já é recomendado há tempos por médicos e cientistas: o equilíbrio entre a atividade física diária, a diminuição do estresse, o acompanhamento médico com profissionais especializados e a adoção de uma alimentação mais saudável. O professor Estélio Henrique Martin Dantas, do Programa de Pós-Graduação em Biociências e Saúde (PBS) da Universidade Tiradentes (Unit), cita que o envelhecimento saudável engloba diversos fatores que contribuem para a qualidade de vida na terceira idade. 

“Esses fatores incluem a capacidade funcional (habilidade de realizar atividades da vida diária), a participação social (manter relações sociais e atividades), o bem-estar psicológico (sentir-se bem emocionalmente) e o bem-estar espiritual (sentido de propósito na vida). A ausência de doenças é importante, mas não garante, por si só, um envelhecimento saudável e pleno. É a interação complexa desses fatores que determina a experiência individual do envelhecimento e a capacidade de viver uma vida longa e significativa”, resume Estélio, deixando claro que o processo de envelhecimento saudável não se resume à simples ausência de doenças ou enfermidades. 

Ainda de acordo com o professor, o envelhecimento saudável se caracteriza por uma adaptação gradual às mudanças físicas e cognitivas, mantendo-se as capacidades físicas, funcionais e socioemocionais já citadas. “Para avaliar a qualidade desse processo, devemos observar se as perdas se acumulam lenta e imperceptivelmente, ou se ocorrem de forma abrupta e incapacitante. Não há um indicador único e definitivo, mas sim uma avaliação holística que considera aspectos físicos (mobilidade, força, resistência a doenças), cognitivos (memória, atenção, raciocínio) e psicossociais (humor, relações sociais, atividades que trazem significado).  A percepção subjetiva de bem-estar também é fundamental, uma vez que a avaliação deve levar em conta como a pessoa se sente e se percebe nesse processo”, diz Estélio, ressaltando que a monitoração regular da saúde com profissionais e o acompanhamento dos indicadores de qualidade de vida são cruciais para identificar e lidar precocemente com quaisquer desafios que possam surgir ao longo do caminho.

Preservando o DNA

A boa influência dos hábitos saudáveis e deste equilíbrio no envelhecimento saudável de cada pessoa pode ser explicado através da epigenética, ciência que estuda as modificações na expressão gênica sem alteração na sequência do DNA. O professor Estélio explica que a combinação desses fatores resulta em um envelhecimento mais lento e com melhor qualidade de vida. 

“A alimentação balanceada e sem ultraprocessados ativa mecanismos antioxidantes que protegem as células, preservando o DNA e retardando o envelhecimento. Os exercícios físicos estimulam a reparação tecidual e a integridade celular, beneficiando a saúde cardiovascular, muscular e óssea. Um ambiente limpo e com ar puro minimiza a inflamação e o estresse oxidativo causados por poluentes, enquanto práticas como meditação e controle do estresse regulam hormônios como o cortisol, reduzindo a inflamação. Esses hábitos geram uma expressão gênica com efeitos antioxidantes (preservando o DNA), anti-inflamatórios (mantendo a saúde mitocondrial e imunológica) e anti-mutagênicos (reduzindo o risco de câncer)”, detalha Estélio.

Um dos principais centros que estudam o processo de envelhecimento humano é o Laboratório de Biociências da Motricidade Humana (Labimh), ligado ao PBS/Unit e coordenado pelo professor Estélio, que desenvolve pesquisas aplicadas para investigar o impacto dos hábitos saudáveis na saúde física e mental de idosos. No ano passado, ele iniciou um projeto de pesquisa pura em parceria com a Vanderbilt University, de Nashville (Estados Unidos), sobre a influência dos hábitos saudáveis na preservação do DNA de cada pessoa. 

“Esse estudo aprofunda o estudo da influência desses hábitos na disfunção mitocondrial e na expressão epigenética, contribuindo para uma compreensão mais completa dos mecanismos biológicos envolvidos no envelhecimento saudável e fornecendo base científica para intervenções eficazes”, completa Estélio.

Por outro lado, o professor aponta que o tabagismo, o consumo de álcool, a privação de sono e a falta de vida social impactam negativamente o processo de envelhecimento, representando uma sobrecarga para um organismo que já está em processo de agravo funcional. Isso aumenta o risco de doenças crônicas, a redução da imunidade e o aumento das inflamações, a falta de convívio social e os riscos de depressão e declínio cognitivo. “Esses hábitos prejudiciais impõem uma demanda extra ao corpo envelhecido, intensificando o processo de deterioração e aumentando a chance de doenças e incapacidades”, alerta. 

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