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Bactérias contra o câncer? Pesquisa abre caminhos para novos tratamentos

Estudo realizado durante Iniciação Científica na Universidade Tiradentes analisou o potencial da Salmonella enterica Typhimurium como aliada na terapia contra tumores

às 20h17
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Quando se fala em bactérias, o imaginário popular tende a associá-las a doenças e infecções. No entanto, pesquisas científicas têm explorado o potencial desses microrganismos além dos efeitos patogênicos, descobrindo aplicações que vão desde a produção de medicamentos até o combate ao câncer. Foi nesse contexto que uma pesquisa realizada durante a Iniciação Científica (IC) na Universidade Tiradentes (Unit) investigou o uso da Salmonella enterica Typhimurium na luta contra tumores.

De acordo com a pesquisadora Camilla Valença, egressa do curso de Nutrição da Unit e atualmente doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial (PBI), a escolha do tema surgiu de sua paixão pela microbiologia. “Eu sempre tive interesse na área e, quando surgiu a oportunidade de trabalhar com esse tema, eu aproveitei”, conta.

O estudo teve como objetivo realizar uma meta-análise de dados disponíveis na literatura científica sobre a hiperexpressão de promotores da Salmonella enterica Typhimurium ativados preferencialmente dentro de células tumorais. “Nosso trabalho avaliou estatisticamente a viabilidade dessa bactéria em proliferação dentro de células cancerígenas. O princípio por trás dessa abordagem é utilizar a Salmonella como um vetor para transportar toxinas ao interior das células tumorais e induzir sua morte”, explica Camilla.

Impactos significativos 

O impacto dessa pesquisa vai além da teoria. O estudo contribui para o desenvolvimento de alternativas terapêuticas no tratamento oncológico. Segundo Camilla, a ideia de utilizar bactérias no combate ao câncer foi uma surpresa. “No início, eu não fazia ideia de que bactérias poderiam ser cogitadas para tratar câncer. Depois disso, comecei a perceber que a microbiologia está presente em tudo ao nosso redor”, afirma.

Apesar de não ter dado continuidade ao projeto específico após a Iniciação Científica, Camilla seguiu na área de microbiologia em seu mestrado e doutorado. Atualmente, sua pesquisa investiga a prospecção de bactérias das praias da Atalaia e Aruana para a produção de compostos antimicrobianos de interesse biotecnológico. “A ciência é um campo fascinante, e novas descobertas surgem o tempo todo. Meu doutorado me levou até a França, onde tive a oportunidade de ampliar ainda mais meu conhecimento”, comenta.

Abrindo portas através da pesquisa

A trajetória acadêmica de Camilla foi diretamente influenciada pela sua experiência na Iniciação Científica. “Desde o início, a Unit me proporcionou suporte técnico essencial para o desenvolvimento das minhas pesquisas, especialmente através do Instituto Tecnológico de Pesquisa (ITP)”, destaca. Ela também reconhece a importância do incentivo recebido durante sua formação. “Minha orientadora na época, Dra. Luciana Hollanda, foi fundamental ao me ensinar como buscar artigos científicos, tabular resultados e construir a rotina de um pesquisador. A IC foi essencial para que eu tivesse certeza de que queria seguir na área acadêmica”, completa.

O estudo realizado na Unit acompanha uma tendência crescente na pesquisa oncológica. Segundo Camilla, essa abordagem terapêutica continua a ganhar força na comunidade científica. “Até 2022, a técnica ainda estava em fase clínica e já havia sido aprovada pela FDA (Food and Drug Administration). Essa alternativa abriu portas para as chamadas terapias combinatórias, que combinam múltiplos métodos para combater o avanço do câncer de maneira sinérgica”, pontua.

Para aqueles que desejam ingressar no mundo da pesquisa, Camilla deixa um conselho: experimentar. “A IC é o momento ideal para descobrir se a pesquisa faz parte do seu perfil. Todo estudante que gosta de investigar, é curioso e se dispõe a estudar deve considerar essa experiência. Mesmo que não siga na área acadêmica, o conhecimento adquirido será um diferencial. Afinal, ciência está sempre evoluindo, e profissionais da saúde precisam estar preparados para essas mudanças”, finaliza.

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