Os refrigerantes zero açúcar, que em tempos passados eram conhecidos como diet ou dietéticos, vem ganhando cada vez mais espaço nas prateleiras dos supermercados, nas mesas das lanchonetes (ou restaurantes) e nas geladeiras dos consumidores. As mais variadas marcas, das pequenas às multinacionais, vêm lançando novos produtos que prometem ser isentos de açúcar em sua composição, atraindo a atenção e o interesse de pessoas com diabetes ou mesmo as que não têm a doença, mas buscam diminuir ou eliminar o consumo de açúcar, com foco no emagrecimento.
O aumento da procura pelos zero açúcar é associado a fatores que vão da preocupação com a saúde e controle de peso até a divulgação desse tipo de produto pelos fabricantes, que os relacionam com um estilo de vida mais saudável. Ele passa também por fatores como a popularização de dietas com baixo teor de açúcar, o aperfeiçoamento de bebidas adoçadas que não deixam o sabor residual e o desenvolvimento de adoçantes de alta intensidade, como stevia, sucralose e eritritol.
Estes tipos de refrigerante são formulados para oferecer um sabor semelhante ao de suas versões tradicionais, mas sem a adição de açúcares. “Em sua grande maioria, os refrigerantes são combinações de água, gás carbônico, corantes, aromatizantes, ácidos, além de adoçantes artificiais, podendo conter variações a depender do tipo e do fabricante. São ausentes de açúcares, porém, para alcançar a doçura semelhante a versão tradicional, utiliza-se adoçantes artificiais ou naturais de alta intensidade, que possuem poucas ou nenhuma caloria. Por isso, há redução de valor calórico”, explica a professora Bruna Nabuco Siqueira, do curso de Nutrição da Universidade Tiradentes (Unit).
De acordo com Bruna, a ausência do açúcar não significa necessariamente que a bebida seja “mais saudável”, pois existem outros componentes que exigem uma maior atenção do consumidor e que, em excesso, podem ser igualmente prejudiciais à saúde. “Embora os refrigerantes zero açúcar não contenham açúcares, eles ainda podem conter níveis significativos de sódio. Algumas versões chegam a ter mais que o dobro de sódio em comparação aos refrigerantes comuns. Além disso, o consumo excessivo de refrigerantes zero açúcar pode estar associado a efeitos adversos, como a diminuição da absorção de nutrientes essenciais, incluindo o cálcio, devido à presença de certos ácidos em sua composição”, detalha.
A professora acrescenta que, se pensarmos apenas no controle da diabetes, os refrigerantes zero açúcar não tem ou tem muito pouco impacto na glicemia, já que são isentos de glicose (açúcar). “No entanto, se pensarmos em um contexto de alimentação saudável que deve ser adotado por pacientes diabéticos (e toda a população), o consumo de refrigerante mesmo sendo zero açúcar não deve ser estimulado, podendo fazer parte de um contexto como exceção e não hábito”, adverte ela.
Emagrece ou não?
A estratégia de usar os refrigerantes zero açúcar como um auxílio para perda de peso nas dietas, adotadas principalmente por praticantes de esportes, não é considerada muito eficiente. Bruna considera que essas bebidas “podem auxiliar na perda de peso em certos contextos, mas isoladamente o seu efeito no emagrecimento é pequeno”. Por isso, a recomendação é de que o consumo seja reduzido ou eliminado gradualmente dos hábitos alimentares.
“Não existe um alimento isolado que ajude no emagrecimento. A alimentação que ajuda a perder peso está inserida em um contexto de estilo de vida saudável que adote o consumo de alimentos em sua maioria in natura ou minimamente processados, e que evite ao máximo o consumo de alimentos ultraprocessados, mesmo que sejam zero açúcares, uma vez que possuem outras substâncias que não contribuem para um estilo de vida saudável”, orienta a professora, referindo-se principalmente aos refrigerantes”, exorta a professora.
Entre as substituições recomendadas para o zero açúcar, estão a água com gás com limão, o chá gaseificado natural (também chamado de kombucha), sucos e outros chás naturais. Essa transição, no entanto, pode ser feita sem pressa e sem radicalismos. “Reduzir a quantidade de refrigerante zero que costuma consumir é o primeiro passo, eliminando o consumo no dia a dia e restringindo apenas em ocasiões especiais. Quanto menos adoçantes consumir, mais fácil será gostar de bebidas naturais. O segredo é fazer a transição de forma consciente e prazerosa, sem radicalismo. Você pode continuar gostando de refrigerantes, mas sem depender deles diariamente”, conclui Bruna Nabuco.
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