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Busca por sentidos para a vida motivam a felicidade

O estado humano elevado à categoria de prioridade por muitas pessoas - e até por países - tem sua data comemorada mundialmente em 20 de março

às 18h24
A percepção de felicidade está mais ligada à busca de coisas que motivam uma pessoa a viver, dando-lhe sentido e satisfação (Andrea Piacquadio/Pexels)
A percepção de felicidade está mais ligada à busca de coisas que motivam uma pessoa a viver, dando-lhe sentido e satisfação (Andrea Piacquadio/Pexels)
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Ela pode estar no dinheiro ou nas pequenas coisas. Pode estar na fé e no espiritual, ou ser conquistada e vivida aqui na Terra. Pode estar na companhia de uma pessoa muito querida, ou vivida solitariamente. Pode ser enorme e durar para sempre, ou ser como definiu certa vez o poeta Vinicius de Moraes (1913-1980): “a gota de orvalho numa pétala de flor/ brilha tranquila,/ depois de leve oscila/ e cai como uma lágrima de amor”. Trata-se da felicidade, que mesmo com definições tão diversas e contraditórias, é tratada por muitos como um assunto de máxima importância, a ponto de ser tratada como política de estado por alguns países e de ter um dia internacional dedicado a ela: 20 de março. 

A data foi instituída em 2012 pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), inspirado em um feriado instituído no Butão, uma monarquia situada entre a China e a Índia. O objetivo, segundo a ONU, é ressaltar a felicidade e o bem estar como objetivos universais, partilhados por todos os seres humanos e levados em conta por todos os países durante a definição de suas políticas públicas.

Mas o conceito mais adotado pela Psicologia define a felicidade como um estado humano de humor que, geralmente, é temporário. “Nunca ficamos felizes por muito tempo, mas podemos também ter momentos tristes e eles não duram para sempre”, diz o psicólogo Nicolas Kennedy de Lima Brandão (CRP 02/25295), professor e responsável técnico de Serviço-Escola do curso de Psicologia do Centro Universitário Tiradentes (Unit Pernambuco).

O professor aponta que a percepção de felicidade, isto é, de que esse estado de humor esteja bom, está mais ligada à busca de coisas que motivam uma pessoa a viver, dando-lhe sentido e satisfação. Esse conceito está na chamada Logoterapia, uma escola de  Psicoterapia, criada pelo austríaco Viktor Frankl (1905-1997). “Ela postula que a motivação básica da vida humana é a vontade de sentido, ou seja, quando nós nos colocamos no caminho da busca de sentido para a vida, acabamos esbarrando em nossa própria evolução como humanos, e caso realizemos os valores que nos competem, pessoalmente, podemos então encontrar a felicidade, sendo esta uma consequência do encontro com o sentido da vida”, explica Nicolas. 

Dinheiro traz felicidade?

Essa percepção, no entanto, acaba afetada pelo entorno de estímulos e necessidades materiais, com o acúmulo dos chamados “bens de desejo”, como carros, casas, roupas, viagens, etc. Muitas pessoas incorporam essa percepção em seu dia-a-dia, o que fez surgir a frase “Dinheiro traz felicidade”. Uma máxima presente em sociedades com alto nível de desigualdade social, mas que o psicólogo contesta enfaticamente. “O dinheiro pode trazer uma falsa sensação de alívio frente à situação existencial ou social que nos encontramos. Mas isso nunca é por muito tempo, pois o dinheiro por si só não sustenta a motivação básica da vida humana, que é a busca por sentido, apesar de continuarmos nos enganando com este falso aliviador de nossos vazios”, afirma ele.

Ainda de acordo com Nicolas, as rotinas do dia-a-dia e os conflitos pessoais podem afetar a felicidade de cada pessoa, em muitos pontos. Para ele, isso está ligado às extensas e estressantes rotinas de trabalho, que são impostas para garantir a sobrevivência, mesmo que estejam desprovidas de algum sentido. E que, por outro lado, provocam a perda gradual da sociedade moderna com a realização de valores, que baseava a realidade existencial de sociedades de milênios atrás como a da Grécia Antiga. 

“Hoje, tudo é tão rápido, que perdemos a noção do que é feito para durar, e o que é tão líquido que pode escorrer e ser desperdiçado. Nesse caso, às vezes estamos desperdiçando nosso tempo de vida!”, alerta Nícolas , recorrendo ao conceito de modernidade líquida, elaborado pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017).

Pequenos hábitos

E afinal, como buscar a felicidade? O professor da Unit Pernambuco aponta como caminho o cultivo de pequenos hábitos por cada pessoa, priorizando a saúde e repensando os seus objetivos de vida. “Em primeiro lugar é necessário se colocar no caminho do sentido. Nós, psicólogos que atuamos com a Logoterapia como abordagem para nossos processos psicoterapêuticos, somos especialistas nisso e podemos ajudar.”, diz ele, incentivando a busca por ajuda especializada, em caso de dificuldades.

Outra atitude que ajuda a melhorar a percepção de felicidade é manter uma rotina saudável, melhorando a qualidade da alimentação, do sono, do equilíbrio físico, das atividades físicas e das interações emocionais com outras pessoas. São áreas que também contam com especialistas e que têm também conteúdos na internet e redes sociais. “Tendo todas estas áreas em equilíbrio e bem trabalhadas para possíveis questões, já seria um grande começo para perceber-se feliz”, conclui Nícolas Kennedy. 

Asscom | Grupo Tiradentes

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