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Canabidiol: uma nova esperança contra a dor neuropática?

Estudo revela potencial do CBD em induzir neuroplasticidade e aliviar dores crônicas.

às 20h13
Paulo Autran- Professor do curso de Neuropsicologia da Pós-graduação Lato Sensu da Universidade Tiradentes
Paulo Autran- Professor do curso de Neuropsicologia da Pós-graduação Lato Sensu da Universidade Tiradentes
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A dor neuropática é uma condição debilitante, frequentemente difícil de tratar, caracterizada por dor crônica resultante de lesões ou disfunções no sistema nervoso. Essa condição afeta milhões de pessoas em todo o mundo, muitas vezes sem que tratamentos tradicionais ofereçam alívio adequado. No entanto, um estudo recente realizado com animais revelou que o canabidiol (CBD) pode ser uma nova esperança para pacientes que sofrem dessa condição, agindo diretamente na neuroplasticidade.

A neuroplasticidade é um fenômeno pelo qual o sistema nervoso se adapta a novas situações ou recupera funções após lesões, sendo essencial para a reabilitação de várias condições neurológicas. Segundo o professor do curso de Neuropsicologia da Pós-graduação Lato Sensu da Universidade Tiradentes (Unit), Paulo Autran, a neuroplasticidade pode ser crucial para o tratamento da dor neuropática. 

“A compreensão e modulação da neuroplasticidade oferecem novas abordagens terapêuticas. Por meio da reabilitação da função nervosa e modulação da percepção da dor, por exemplo, é possível promover uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes”, explica.

Como o CBD age?

O canabidiol, uma substância extraída da planta Cannabis sativa, já é conhecido por seus efeitos terapêuticos em diversas condições, mas seus impactos na neuroplasticidade e na dor neuropática estão sendo cada vez mais explorados. O estudo mencionado aponta que o CBD exerce uma série de efeitos neurobiológicos que contribuem para a sua ação analgésica. Entre os principais mecanismos envolvidos estão a modulação da neuroinflamação, a influência sobre a plasticidade sináptica e a regulação do estresse oxidativo.

Embora os resultados do estudo sejam promissores, o uso do CBD para induzir neuroplasticidade em tratamentos clínicos ainda enfrenta desafios significativos. “Um dos maiores obstáculos é a falta de evidências clínicas robustas que comprovem a eficácia e segurança do CBD em longo prazo. Além disso, a variabilidade na resposta individual ao tratamento com CBD, bem como a dificuldade em padronizar a qualidade dos produtos disponíveis no mercado, são pontos críticos que precisam ser abordados”, ressalta Autran. 

Outro desafio é a dosagem ideal. “Determinar a dose certa para cada paciente é complexo, já que o CBD pode interagir de maneira diferente dependendo da condição tratada e das características individuais. Aspectos legais e regulatórios também complicam a adoção ampla do CBD em tratamentos clínicos, uma vez que a substância ainda enfrenta barreiras em muitas jurisdições”, explica o professor.

Aplicações clínicas e avanços terapêuticos

Apesar dos desafios, as perspectivas para o futuro das pesquisas sobre neuroplasticidade e o uso de CBD são otimistas. O estudo já aponta que o CBD tem potencial não só para aliviar a dor neuropática, mas também para tratar comorbidades associadas, como depressão e comprometimento da memória. “Esse é um resultado promissor e, certamente, novos trabalhos serão conduzidos para observar os resultados esperados em humanos”, afirma Paulo Autran.

A colaboração entre diferentes áreas da saúde é fundamental para o desenvolvimento de terapias baseadas na neuroplasticidade. Profissionais de psicologia, neurologia e outras áreas podem trabalhar juntos para criar abordagens integradas que potencializem os benefícios do CBD e outras intervenções. 

“Como, por exemplo, reabilitação cognitiva e motora; transtornos psicológicos e psiquiátricos; educação e aprendizado; reabilitação de lesões e deficiências, tratamento de transtornos neurodegenerativas; gestão de estresse bem-estar; transtorno de aprendizagem e desenvolvimento; modulação do comportamento e habilidades sociais; aprimoramento da resiliência e; desenvolvimento de tecnologias e ferramentas de avaliação”, elenca Paulo.

Alguns exemplos de terapias baseadas em neuroplasticidade para diferentes condições incluem:

  • Reabilitação pós-acidente vascular cerebral (AVC); 
  • Tratamento de lesões cerebrais traumáticas; 
  • Reabilitação de distúrbios de movimento, como a doença de Parkinson; 
  • Tratamento de transtornos de ansiedade e depressão; reabilitação em transtornos de aprendizado e déficit de atenção; 
  • Tratamento de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC);
  • Tratamento de dor crônica e neuropática; 
  • Reabilitação em transtornos do espectro autista; tratamento de esquizofrenia; 
  • Intervenções em distúrbios de sono, dentre outros.

O futuro da neuroplasticidade

O futuro da pesquisa sobre neuroplasticidade é promissor. A integração de tecnologias avançadas, como a genética e a neuroimagem, com estudos sobre neuroplasticidade, permitirá um entendimento mais profundo dos mecanismos cerebrais e o desenvolvimento de terapias mais personalizadas.

“A neuroplasticidade continua a ser uma área de intenso interesse devido à sua implicação em uma ampla gama de condições neurológicas e psicológicas e à sua capacidade de influenciar intervenções terapêuticas. Algumas das áreas de estudo mais promissoras incluem: neuroplasticidade em condições neurológicas e psiquiátricas; neuroplasticidade e envelhecimento; integração de tecnologias avançadas, genética e neuroplasticidade, desenvolvimento de novos biomarcadores, plasticidade cerebral e saúde mental, educação e aprendizado e intervenções farmacológicas”, pontua.

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