Fazer viagens longas de carro, ônibus ou avião pode criar um risco para a saúde dos passageiros: a formação da chamada embolia, que é a formação de coágulos nas veias do sangue em razão da falta de circulação em determinadas partes do corpo. A depender da área afetada, ele pode até mesmo provocar a morte. Foi o que aconteceu em março deste ano com a fisioterapeuta Flávia Rezende, 45 anos, que morreu em Tóquio, no Japão, após uma viagem que começou em Vitória (ES) e durou mais de 30 horas, incluindo as conexões em São Paulo (SP) e nos Estados Unidos.
Na ocasião, amigos próximos disseram à imprensa que ela não resistiu a uma embolia pulmonar, doença que acontece quando esse coágulo obstrui uma artéria do pulmão. “As embolias, para acontecer, precisam na maioria das vezes que uma soma de fatores estejam presentes, entre eles, a ‘redução da circulação do sangue’ em determinada área, que essa área das veias esteja com algum tipo de lesão e que o sangue esteja mais facilmente coagulável, formando dessa forma trombos, que são coágulos sanguíneos. Quando esses trombos formados se deslocam e vão parar na circulação do pulmão, chamamos de embolia pulmonar, explica o médico pneumologista Ivan Mendes Ribeiro, professor assistente de Pneumologia do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit).
Não existem ainda estatísticas relacionadas à quantidade de casos do tipo, mas os médicos e até mesmo as companhias aéreas reconhecem que as viagens longas aumentam muito o risco de formação das embolias, pelo fato de o passageiro ficar muito tempo imobilizado em uma mesma posição, sobretudo sentado. É a chamada “trombose do viajante”. “Durante longas viagens, seja de carro ou de avião, quando estamos mais imobilizados e com os fatores de risco apresentados acima presentes, a formação dos coágulos pode acontecer e gerar o quadro”, aponta Ivan.
O professor alerta que qualquer pessoa que esteja exposta a esses fatores de risco pode desenvolver a embolia, mas existem pessoas que podem estar mais propensas a terem essas embolias. No entanto, isso tende a acontecer mais com pessoas com condições genéticas, doenças hematológicas e condições adquiridas (como o câncer).
Como evitar
Assim como são vários os fatores de risco para a embolia pulmonar, as formas de prevenção são variadas. Uma das principais é a mais recomendada por todos os médicos: manter um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada e atividades físicas constantes, o que ajuda a evitar o desenvolvimento desses coágulos. Além disso, é preciso um preparo mais específico para quem precisar fazer grandes viagens de carro ou avião.
“Antes de fazer essas viagens, procure um médico para avaliar se há indicação do uso de meias compressivas anti trombo ou de medicações específicas. A orientação para viagens de avião é movimentar-se a cada duas horas de voo, evitar longos períodos com as pernas cruzadas, beber bastante água, vestir-se de forma confortável e alimentar-se com comidas leves. No caso de viagens de carro, realizar paradas a cada duas horas para caminhar, usar o banheiro e hidratar-se”, orienta o professor Ivan.
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