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Como os músculos contribuem para a recuperação da saúde do corpo

Com funções que vão muito além da força e da beleza, o tecido muscular pode ajudar na recuperação de doenças, lesões e internações hospitalares, e por isso deve ser estimulado através da atividade física

às 18h44
O processo de recuperação e fortalecimento da massa muscular passa por uma alimentação balanceada e por uma rotina de exercícios físicos (Acervo Unit)
O processo de recuperação e fortalecimento da massa muscular passa por uma alimentação balanceada e por uma rotina de exercícios físicos (Acervo Unit)
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Para a maioria das pessoas, ter músculos fortes e definidos significa ter um corpo perfeito, bonito e até desejado. Mas pouco se fala sobre a real importância desta estrutura para o garantir o bom funcionamento do corpo humano. Tratam-se de tecidos que funcionam como sustento e proteção do esqueleto e dos órgãos internos, bem como controladores da temperatura e, principalmente, como uma reserva que ajuda na recuperação de doenças e traumas. A literatura médica e várias pesquisas pelo mundo apontam que, quanto melhor e maior a musculatura de um paciente, melhor ele tende a se recuperar com mais rapidez e eficácia, mesmo que seu estado de saúde seja considerado grave. 

O professor Carlos Eduardo de Andrade, dos cursos de Medicina e Fisioterapia da Universidade Tiradentes (Unit), explica que os músculos não são apenas os tecidos ligados diretamente aos ossos e cumprem funções que vão muito além de garantir a movimentação do corpo. Entre as principais, estão a proteção, a sustentação e a termogênese, que é a produção de calor metabólico. “O músculo também tem como função a movimentação de órgãos internos, como, por exemplo, as paredes intestinais. Nós temos músculos também na parede uterina, nas trompas, e até no olho, pois para que se faça a contração e a dilatação da pupila, são os músculos que fazem isso”, esclarece. 

Além disso, os músculos também são considerados uma importante reserva de energia, proteínas e anticorpos, que colabora fundamentalmente com o processo de recuperação de pacientes após cirurgias ou tratamentos contra doenças. De acordo com Carlos Eduardo, trata-se do tecido metabolicamente mais ativo do corpo, ou seja, que gera mais energia e calor. “Quando você tem massa muscular, tem uma reserva proteica que pode ser utilizada para combater os diferentes tipos de doenças ou convalescenças, como queimaduras e coisas do tipo. Se você tiver uma reserva grande, você tem maior facilidade de recuperação”, diz ele, destacando a importância de manter ou aumentar a massa muscular quando se está em boas condições de saúde. 

Andrade também explica que, quando um paciente está internado em um hospital, a tendência é de que o corpo utilize as reservas energéticas que estejam à disposição, e que no caso de pessoas com massa muscular baixa, elas não tem reserva proteica que possa ser usada pelo corpo, com o objetivo de combater uma infecção que esteja presente. isso explica a perda de massa muscular relatada geralmente por pacientes que passaram por alguma internação hospitalar. “A massa muscular precisa receber a sinalização do estímulo, ou seja, movimento, força, para que ela possa se desenvolver e agregar proteína, e o desenvolvimento da massa muscular está diretamente relacionado a isso”, esclarece o professor. 

Músculo saudável

Mas quando um músculo pode ser considerado “forte” e saudável? A resposta pode estar na própria composição da massa muscular, que tem dois tipos de fibras diferentes. As do tipo 2 são uma fibra branca, glicolítica [ou seja, que tem volume] e pouco oxidativa, que é desenvolvida por exercícios de musculação e tem potencial de hipertrofia. Já as do tipo 1 são descritas como fibra vermelha, oxidativa, de resistência e que tem uma grande quantidade de mitocôndrias que favorecem a respiração celular. Para Eduardo, a saúde do músculo não pode ser medida pelo seu volume, mas sim pela sua capacidade de força e resistência.

“A gente não pode dizer que uma pessoa, porque tem uma massa muscular mais avantajada, ou seja, hipertrofiada, seja mais saudável do que uma pessoa que tem uma massa um pouco menor. Claro que em uma pessoa que tem um volume muscular maior, fazendo o mesmo tipo específico de treinamento, a tendência é que ela tenha uma capacidade maior, um músculo mais saudável. Mas isso depende da fibra que está sendo estimulada, se são as oxidativas, relacionadas à resistência e que não têm volume, ou as glicolíticas, que têm volume, mas a resistência mais baixa”, esclarece o professor.

O processo de recuperação e fortalecimento da massa muscular passa pela manutenção de uma alimentação balanceada, que vai fornecer elementos nutricionais, bem como por uma rotina de exercícios físicos. Uma das práticas consideradas como a melhor forma de manutenção da massa muscular é a musculação, por ser uma atividade de intensidade e curta duração, que estimula mais as chamadas “fibras brancas” (tipo 2). 

Carlos Eduardo diz que a musculação ainda é a melhor forma de conseguir o aumento dessa massa muscular, mas ressalta, no entanto, que esta atividade física deve ser planejada conforme os objetivos e características de cada pessoa. “Quando a gente quer, por exemplo, melhorar a estabilização articular para que um idoso possa se sustentar melhor em pé, a musculação é muito mais efetiva do que um treinamento de corrida. Mas, logicamente, toda atividade faz com que se aumente a massa muscular e que ela melhore o aporte sanguíneo de oxigênio”, conclui. 

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