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Consequências do excesso de peso na saúde 

O coordenador da Pós-Graduação e docente de Nutrição, professor Heriberto Anjos, explica sobre os problemas de saúde causados pelo excesso de peso

às 17h35
Professor do curso de Nutrição, Heriberto Anjos
Professor do curso de Nutrição, Heriberto Anjos
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O excesso de peso e obesidade vai muito além dos números da balança. A obesidade é uma doença complexa, de origem  multifatorial, envolvida em seu surgimento, que pode ser de natureza individual, coletiva, social, econômica, cultural e ambiental. Isso significa dizer que a condição de obesidade não está relacionada apenas a atitudes e comportamentos individuais. 

A obesidade é uma doença que tem crescido no Brasil e no mundo. Traduzindo em números, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em parceria com o Ministério da Saúde, aproximadamente 60% dos adultos brasileiros já têm excesso de peso, o que representa cerca de 96 milhões de pessoas, e um em cada quatro tem obesidade, um total de mais de 41 milhões de pessoas. 

O coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Extensão (NIEX) da Universidade Tiradentes (Unit), professor Heriberto Anjos, explica que a alimentação é um processo cultural. Após o fim da Primeira Guerra Mundial e com a Revolução Industrial, devido às longas jornadas de trabalho, homens e mulheres passaram a fazer refeições fora de casa, e com isso, a consumir produtos industrializados. 

“Antes as pessoas tinham a disponibilidade de comer em casa, refeições frescas e mais saudáveis, com alimentos cultivados em hortas e sem uso de agrotóxicos. Devido às mudanças no cotidiano, as refeições passaram a ser realizadas fora de casa, consumindo mais enlatados e industrializados, o que ocasionou uma alimentação rica em calorias, sódio e açúcares”, explica. 

Heriberto explica que a mudança na alimentação afeta principalmente as populações mais pobres. “Os alimentos industrializados se tornam mais baratos, porque são produzidos em larga escala e aí o acesso a esses alimentos começam a aumentar. As crianças começam a levar biscoitos, pipocas e lanches mais práticos para escola ao invés de levar um uma fruta. Isso acontece porque a população mais carente começa a ter acesso aos alimentos”, frisa. 

De acordo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a alimentação dos brasileiros não está sendo a ideal.  Estima-se que no ano 2025 haverá 700 milhões de obesos no mundo e cerca de 2,3 bilhões de pessoas com sobrepeso. Esse é um número alarmante, considerando os riscos que a obesidade representa para a saúde.

“A alimentação é cultural. Os preços acessíveis, praticidade, fácil disponibilidade e o trabalho de marketing massivo dos produtos colaborou para o consumo de ultraprocessados no país. E por isso a gente cada vez mais está se alimentando mal, e isso reflete na nossa saúde. As dietas estão cada vez mais ricas em gorduras e açúcares, com poucas verduras, legumes e frutas nos pratos das pessoas”, ressalta.

Excesso de peso

O excesso de peso não é somente uma questão estética. Segundo a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada pelo Ministério da Saúde, a obesidade afeta 18,9% dos brasileiros acima dos 18 anos. Estima-se que, hoje, mais de 20 milhões de pessoas tenham obesidade no Brasil. As causas são as mais diversas.

Hipertensão

A hipertensão é uma doença cardiovascular causada pelo aumento da pressão arterial e que acomete aproximadamente 25% da população adulta no Brasil. Um alto índice de gordura corporal se relaciona, também, a uma grande quantidade de triglicerídeos e colesterol LDL (conhecido como “colesterol ruim”). Esse aumento de lipídios no sangue pode comprometer a sua circulação e provocar a hipertensão. Por essa razão, pessoas obesas têm mais chances de desenvolver essa complicação que indivíduos com o IMC regular.

Asma

Essa doença crônica atinge o sistema respiratório e afeta cerca de 300 milhões de pessoas em todo o mundo. Cansaço, falta de ar e chiado no peito são apenas alguns dos sinais que surgem com esse transtorno. Os sintomas são ainda mais intensos na hora de dormir, ao fazer uma atividade física ou na presença de fatores alergênicos.

Um dos possíveis causadores da asma é a reação à leptina, uma proteína produzida principalmente pelo tecido adiposo — células responsáveis pelo armazenamento de gordura. Por isso, essa é uma das principais consequências da obesidade.

Apneia do sono

A apneia do sono é um problema que provoca barulhos e interrupções na respiração ao dormir. O excesso de peso é um dos fatores que favorecem o surgimento dessa doença, por dificultar a passagem de ar pelas vias respiratórias.  Como consequência, compromete a qualidade do sono, causando sonolência durante o dia, dificuldade de concentração e de raciocínio e redução da oferta de oxigênio no sistema nervoso, entre outros problemas. 

Diabetes

O aumento do peso é, na maioria das vezes, consequência de um gasto calórico menor que o consumo. Sendo assim, a energia não utilizada é estocada em forma de gordura. No entanto, o excesso de tecido adiposo interfere no funcionamento da insulina, hormônio cuja principal função é regular os níveis de açúcar na corrente sanguínea.

Quando há resistência à insulina, as chances de desenvolver diabetes do tipo 2 são maiores. Desse modo, essa doença é outra das graves consequências da obesidade, que compromete a qualidade de vida de um indivíduo e pode ter muitas complicações, como problemas de visão e cicatrização.

Para Heriberto mudar de hábito é essencial para a perda de peso e evitar comorbidades. “Uma vida mais ativa, praticando exercícios regularmente, com uma dieta com déficit calórico, rica em nutriente vai colaborar na perda de peso e consequentemente em uma vida mais saudável”, afirma.

 

Com informações da Organização Mundial de Saúde (OMS), Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas e Ministério da Saúde

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