Se você ainda não ouviu falar sobre o “Desafio da Rasteira” é bom ficar bastante alerta. Uma nova brincadeira que surgiu nas redes sociais se popularizou e tem chamado atenção das escolas e sido discutida em roda de amigos. Mas, o simples ato de pular e ser derrubado pelo colega não tem nada de tão legal assim. A brincadeira pode trazer sérios danos à saúde e até levar ao óbito.
O assunto ganhou notoriedade devido à grande quantidade de vídeos compartilhados nos aplicativos. Este desafio é só mais um entre as tantas brincadeiras que surgem entre os adolescentes como o jogo da Baleia Azul e a de 360° que vitimou uma jovem de 26 anos, no final do ano passado.
A repercussão foi tão grande que, entidades, órgãos e escolas, criaram campanhas com o intuito de prevenir ações e divulgar os perigos causados pela brincadeira. Especialistas também disseminam os riscos causados pelo desafio.
“Qualquer trauma na cabeça ou na coluna pode gerar uma lesão parcial ou definitiva. Mesmo os traumas mais simples podem ocasionar complicações posteriores como cicatrizes no cérebro levando o paciente a ter crises convulsivas e, de forma constante, quadros de epilepsia com sequelas para o resto da vida do paciente”, explica o neurocirurgião Hesmoney de Santa Rosa, diretor da área da Saúde do Grupo Tiradentes e membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia – SBN.
“As complicações simples no crânio são dores de cabeça, um coágulo no couro cabeludo, mas também pode chegar a perda da consciência na hora da brincadeira. Dependendo do local afetado na queda, o paciente pode ter problemas na visão e, em quedas mais graves pode causar uma lesão na coluna deixando o paciente paralítico, traumatismo craniano ou até vir a óbito. A brincadeira pode ser fatal”, acrescenta o médico.
Mobilização
A conscientização tem sido um fator importante para evitar que os jovens participem desses tipos de brincadeiras. A psicóloga Flor Teixeira salienta que a adolescência é uma fase de impulsividade e experimentação e, por isso, os pais devem ter um diálogo aberto com seus filhos.
“Os adolescentes querem vivenciar e se libertar das crenças, modelos e referências dos pais, que até então tinham como verdade absoluta. A partir de uma certa fase, eles querem testar o que os amigos e redes sociais, por exemplo, falam que é bom”, comenta Flor.
“A orientação que precisamos fornecer aos nossos filhos é que eles precisam ter cautela. Ainda existe muito a questão da identificação, em que o adolescente deseja estar inserido neste ou naquele grupinho, e por isso acaba cedendo a alguns tipos de brincadeiras. É preciso um olhar atento da família, além de permitir e favorecer um diálogo entre todos”, completa a psicóloga, especialista em crianças e adolescentes e docente do curso de Psicologia da Universidade Tiradentes.
Entre as diversas ações de mobilização em todo o país para prevenir os acidentes, a Universidade Tiradentes, além de conscientizar os jovens, trabalhou a temática em sala de aula. “Algumas escolas já estão fazendo propagandas de alerta e a própria instituição de ensino também tomou a iniciativa porque os jovens representam o público-alvo. Além disso, eles serão futuros profissionais e precisam entender a realidade e criar estratégias de enfrentamento aos pacientes”, finaliza a psicóloga.