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Pesquisas desenvolvidas no PBI e no PSA motivam criação e incubação de startups

Estudos nas áreas de farmácia e cosmética trabalham no desenvolvimento de novos produtos e motivaram pesquisadores a empreenderem, buscando apoio do inicial do Tiradentes Innovation Center

às 20h08
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A criação de startups, pequenas empresas que surgem de ideias e projetos inovadores de negócios, com o objetivo de gerar soluções para questões reais e cotidianas. Um objetivo ainda mais contemplado quando esta solução vem da ciência. Um exemplo disso vem do Ecossistema Tiradentes, a partir da iniciativa de pesquisadores que passaram pelos cursos de mestrado e doutorado dos Programas de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PSA) e em Biotecnologia Industrial (PBI), da Universidade Tiradentes (Unit). 

Com o apoio do Tiradentes Innovation Center (TIC), três novas startups começaram a ser incubadas a partir de produtos desenvolvidos em pesquisas na área de biotecnologia, realizadas em laboratórios do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP). A incubação é o processo no qual uma startup é estruturada formalmente para funcionar como uma empresa, através da formalização burocrática junto aos órgãos competentes, da definição de estratégias e do planejamento técnico-financeiro para a viabilização do negócio. 

“Aqui, o TIC vai dar suporte para desenvolver um modelo de negócio, o business. Como esse produto vai chegar no mercado, qual a proposta de valor, por quanto vai ser vendido, como captar mais recursos para ter terminado o desenvolvimento… É uma parte administrativa que o pesquisador não desenvolve com tanta profundidade quanto a pesquisa em si. Então, ele precisa desse braço para o negócio crescer”, explica Patrícia Severino, professora do PBI/Unit e pesquisadora do ITP, que também atua como mentora no Tiradentes Innovation Center.  

A criação das começou a partir de pesquisas contempladas com o incentivo do Programa Centelha, uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em parceria com as fundações estaduais de amparo à pesquisa (incluindo a Fapitec/SE), que incentiva a criação de negócios e empresas com base em pesquisas e inovações. Ele abriu um edital no final de 2021 e escolheu, ao final de três fases, um total de 34 projetos titulares e 12 suplentes para receber o apoio através de subvenções econômicas e bolsas de fomento para a formação de profissionais. Entre os escolhidos, estão os três projetos que começaram a ser incubados no TIC. 

Patrícia conta que os projetos nasceram de “sementinhas” plantadas entre os alunos e pesquisadores ao longo das aulas na pós-graduação, com o objetivo de fazê-los “pensar diferente” e trabalhar em soluções que causem impacto positivo na sociedade. “Na sociedade, vamos trazer produtos inovadores, que agregam valor a substâncias e produtos da natureza, dos quais nós temos uma riqueza muito grande no nosso estado e que não eram explorados”, destaca ela, referindo-se às atividades de bioeconomia e o fortalecimento de cadeias produtivas nacionais para o fornecimento destes insumos. 

Segundo ela, esse movimento faz parte de um processo de transformação do ensino superior, que passa a envolver cada vez mais o empreendedorismo como forma de alcançar a sociedade e o mercado de trabalho com os profissionais de alta qualificação formados nas universidades. “A gente não forma mestres e doutores apenas para voltar a dar aulas. A gente dá um respaldo para ampliar o mundo deles para que sejam empresários, trabalhem em indústrias e tenham uma visão mais sistêmica e global da ciência, e de onde eles podem aplicar o conhecimento científico. Esse é o diferencial que a gente vem trazendo para o nosso ecossistema aqui e o PBI acaba sendo pioneiro nisso, porque traz isso já dentro do seu DNA”, aponta a professora. 

As startups

Uma destas startups que estão surgindo é a Quick aid K, que desenvolve uma membrana hemostática a partir de materiais naturais e bioabsorvíveis, para acelerar o estancamento de hemorragias e ferimentos. Conforme a farmacêutica e pesquisadora Mônica Batista de Almeida, responsável pelo projeto, a ideia inicial é usar essa membrana em tratamentos veterinários em animais domésticos, e a partir daí, desenvolver uma versão para uso em pacientes humanos. O processo de incubação no Tiradentes Innovation Center, segundo ela, vai preparar a startup para disputar mais editais de financiamento e avançar com o desenvolvimento do produto para colocá-lo no mercado. 

“Isso é de extrema importância. Pra começar, se não tivesse o ensino, a gente não teria ciência. Obviamente que o TIC vai aprimorar os conhecimentos básicos que nós temos e cada vez mais a gente tenta aprender. A gente vai galgando patamares. Do básico, estamos engatinhando e tendo consultorias de pessoas que estão mais à frente, para podermos alcançar patamares maiores”, destaca Mônica, sobre a importância desta interação entre ciência, ensino e mercado. 

Duas alunas do PBI, a mestranda Victoria Louise Santana dos Santos e a doutoranda Erika Santos Lisboa, participam diretamente das pesquisas de desenvolvimento da membrana e também das atividades da Quick, desde a seleção do material e formulação do produto, até as definições sobre o orçamento financeiro. Elas contam que já vinham estudando a criação do produto ao longo do mestrado, mas também lançaram mão de vários conhecimentos e aprendizados que vinham obtendo desde o tempo que passaram pela iniciação científica, ainda no curso de Farmácia. 

“Nós três, cada um com um pouco do conhecimento que a gente tinha, conseguimos nos juntar, fazer esse produto e colocar para frente através de um processo construtivo. Todo o conhecimento que a gente adquiriu nesse processo fez com que a gente chegasse até aqui de construir o nosso produto e o protótipo ficar o mais ideal possível. A gente ver que o nosso produto vai solucionar a dor de alguém, seja de um pet ou de um humano, traz para a gente um alívio, reconhecimento e felicidade. Isso é um estímulo muito grande que a ciência proporciona juntamente com o empreendedorismo”, dizem Érika e Victória. 

Outra mestranda do PBI, Robertta Jussara Rodrigues Santana, criou a startup Standlyc Company, que busca desenvolver um novo sistema conservante natural para uso em cosméticos. Estes conservantes, a base de extratos e óleos vegetais, podem substituir os insumos à base de parabenos, compostos químicos mais utilizados atualmente na indústria de cosméticos para coibir fungos e bactérias, mas que vêm tendo o seu uso proibido ou restringido em diversos países, por causa da relação com doenças e distúrbios hormonais. Ela aponta ainda que os parabenos provocam poluição e contaminação de efluentes ao serem descartados irregularmente no meio ambiente. A proposta, desenvolvida por Roberta a partir de pesquisas realizadas anteriormente no PBI, é criar substitutos mais eficazes para os parabenos na composição dos conservantes e dos cosméticos em si. 

“O mercado procura por esses produtos e que o processo de produção deles seja barato, assim como o produto final”, adianta ela, destacando que o foco do processo de incubação no TIC, além do aperfeiçoamento da eficácia do produto, é viabilizar um plano de negócios. “Primeiro, a gente pensou em validar esse produto e, quem sabe, conseguir produzir o primeiro lote, desde que todos os parâmetros do processo que a gente idealizou se confirmem, e a gente consiga dizer que o nosso produto é tão eficaz quanto o parabeno. Aí, podemos começar a pensar em outros pontos, ajustar um novo projeto, ir atrás de outros editais e focar na colocação desse produto no mercado”, afirma Roberta. 

Já a terceira startup, a New Eyebrow, é do pesquisador Adilson Allef Moraes Santana, doutorando do PSA, que trabalha numa tese sobre a implementação de uma cadeia produtiva na área cosmética utilizando produtos vegetais como matéria-prima de coloração capilar em produtos de pigmentação de pele e de sobrancelhas. A ideia é substituir produtos de coloração de sobrancelhas atualmente usados no mercado, incluindo tinturas capilares adaptadas, as quais possuem altas taxas de toxicidade. Atualmente, o processo está no depósito de patentes e na regulamentação dos produtos junto à Anvisa, que analisa e acompanha as pesquisas e testes de desenvolvimento. 

Allef adianta que, no entanto, já há empresas interessadas nos resultados destes estudos e nos futuros produtos da startup. “O objetivo é fortalecer a empresa, bem como, mais tarde, fazer a transferência da nossa tecnologia. A gente ainda precisa finalizar toda a questão burocrática de registro na Anvisa, os testes que minimizam os riscos futuros, para que a gente venha transferir a nossa ideia para empresas que tenham interesse no produto”. A gente só tinha a ideia, mas a cada dia vamos maturando mais esse conhecimento. Estamos agora nesse passo importante, que é a finalização da regulamentação da Anvisa, e vamos tentar dar adiantamento na parte do empreendedorismo, da estruturação da empresa, que ainda é um pouco cru pra gente”, afirma ele, sobre a fase atual da New Ewbrow

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