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Dietas restritivas podem aumentar os riscos de compulsões alimentares

Transtornos podem ser desenvolvidos se todo o padrão alimentar for modificado de maneira muito rápida; alimentação balanceada é recomendada como um caminho mais saudável

às 15h47
A troca gradual dos alimentos ultraprocessados por frutas e verduras é um caminho para equilibrar e balancear a alimentação (Andres Ayrton/Pexels)
A troca gradual dos alimentos ultraprocessados por frutas e verduras é um caminho para equilibrar e balancear a alimentação (Andres Ayrton/Pexels)
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A chegada das festas de fim de ano leva também à iniciativa de planejar metas e resoluções para fazer e alcançar no ano seguinte. Com o aumento da expectativa de vida, muitas pessoas têm priorizado os cuidados com a própria saúde nestas resoluções, o que inclui perder peso, emagrecer e mudar a alimentação. No entanto, seja pela busca por resultados rápidos ou sob influência dos perfis de coaches ou influenciadores de redes sociais, boa parte deste público acaba recorrendo a dietas com restrições a determinados tipos de alimentos, que acabam retirados da alimentação de um dia para o outro. Entre as mais conhecidas, estão a low carb, a dieta das sopas, a vegana e a sem glúten. 

Algumas pesquisas, no entanto, têm apontado que dietas restritivas podem criar chances maiores de transtornos ou compulsões alimentares. Uma reportagem publicada em outubro pelo site de notícias G1 citou dois estudos: um realizado pela Universidade de Haifa, em Israel, que relaciona a restrição de alimentos a emoções negativas e sentimentos como fome e desejo por comida; e outro da Universidade de Melbourne, na Austrália, que constatou um aumento de 18 vezes nas chances de desenvolvimento destes transtornos em pessoas expostas à restrições alimentares. 

“As práticas que podem causar o desenvolvimento de uma compulsão alimentar estão em modificar todo o padrão alimentar de maneira muito rápida. O cérebro precisa de um tempo para se acostumar com hábitos novos, e quando a mudança é muito drástica, o indivíduo pode não conseguir sustentar essa mudança por muito tempo e voltar ao padrão alimentar anterior, ou até mesmo consumindo uma maior quantidade de alimentos que foram restritos”, explica a professora Kathleen Alves da Silva, preceptora de estágio do curso de Nutrição da Universidade Tiradentes (Unit).

Segundo ela, o corte drástico de alimentos específicos do dia a dia pode não ter efeitos significativos, mas eliminar grupos alimentares pode ter um efeito positivo ou negativo. “Quando se elimina os alimentos ultraprocessados, o efeito é positivo, pois o indivíduo deixa de ingerir uma quantidade de calorias muito alta além de sódio, açúcares e gorduras. Mas eliminando o grupo alimentar das frutas, por exemplo, o indivíduo reduz sua ingestão de vitaminas, minerais, fibras e antioxidantes, e isso impacta de maneira negativa, pois pode acontecer uma deficiência nutricional”, destacou Kathleen.

A preceptora afirma também que as dietas restritivas nem sempre são garantia de perda de peso, pois, muitas vezes, as pessoas não buscam orientações de profissionais capacitados para conhecer como deve ser feita a alimentação. “Assim, as pessoas retiram muitos alimentos, mas continuam consumindo uma quantidade calórica alta, além de outras mudanças no estilo de vida que não são feitas, como realizar exercícios físicos, dormir bem e por muitas horas”, orienta.

Balancear a alimentação

O caminho mais indicado para uma perda de peso mais eficiente ou para a melhoria da qualidade do que se come é adotar uma alimentação balanceada, o que é muito diferente de “fazer dieta”. 

“Uma alimentação balanceada é quando você come de tudo um pouco. O indivíduo não tem nenhum tipo de patologia que necessite restringir algum alimento e come alimentos fontes de carboidratos, proteínas, lipídeos, vitaminas e minerais de maneira equilibrada. Uma dieta, por sua vez, é quando o indivíduo necessita restringir algum alimento ou realizar uma alimentação de maneira restrita em carboidratos, ou algum tipo de mineral, ou restrita em calorias, ou com alta quantidade de proteínas, que tenha o objetivo de recuperar o estado nutricional do indivíduo e até mesmo não prejudicar ainda mais a patologia manifestada”, detalha Kathleen. 

Uma dica é incluir várias frutas diferentes ao longo do dia e saladas ou verduras no almoço. Além de arroz e feijão, pode-se aumentar o consumo de alimentos com fibras, como aveia, sementes de chia, linhaça e gergelim, e as fontes de gorduras insaturadas, como abacate, azeite, castanhas e amendoim. 

“É possível continuar comendo o que gosta e perder peso sim. O importante é aprender a utilizar bem os ingredientes e alimentos de modo que adeque ao paladar do indivíduo. Então, é consumir frutas que sejam do agrado, fazer saladas diferentes com temperos diferentes para que seja atrativo, utilizar as raízes em preparações diferentes como em escondidinho de carne, torta de batata doce, entre outros”, conclui a professora, acrescentando que a pessoa deve realizar um bom planejamento e fazer compras regularmente em supermercados e feiras livres, para garantir a inclusão destes alimentos saudáveis em caa e nas refeições. 

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