Muita gente aproveita o início do ano para formular metas em prol de uma melhor qualidade de vida, o que passa por uma alimentação mais saudável. Neste sentido, muitas pessoas acabam iniciando dietas de vários tipos e cortando, por conta própria, o consumo de carne vermelha, passando a ser vegetarianas ou veganas. Algumas o fazem pela própria saúde. Já outras por mudança de hábito, por questões religiosas ou mesmo por defenderem os direitos dos animais, não concordando que eles sirvam de alimento para seres humanos.
Mas será que eliminar aquele churrasco, bife frito ou cozido de carne vai mesmo garantir uma alimentação e uma vida mais saudável? E como fazer esse processo sem queimar etapas? Ou dá pra se alimentar de forma sadia e equilibrada mesmo comendo carne? A resposta a essas questões varia de pessoa para pessoa, conforme o caso e os objetivos de cada uma.
“De modo geral, parar o consumo completamente não é uma recomendação específica para nenhuma situação. No entanto, a redução ou interrupção do consumo de carne vermelha pode ser recomendado em situações de doenças cardiovasculares, para o controle de dislipidemias e outras doenças crônicas. O consumo excessivo de carne vermelha está associado a problemas de saúde e portanto o consumo deve ser sempre moderado para quem o faz”, esclarece a professora Surya Costa Escobar, preceptora do curso de Nutrição da Universidade Tiradentes (Unit).
Ela explica que a carne vermelha tem utilidade para o organismo, sendo uma fonte rica de proteínas e micronutrientes. “As proteínas da carne são de alto valor biológico, e completas em todos os aminoácidos essenciais. Em relação aos micronutrientes, os mais importantes são o ferro e a vitamina B12, esta encontrada apenas em alimentos de origem animal”, disse Surya, acrescentando que, tanto o ferro quanto a B12 estão relacionados a prevenção de casos de anemia.
Por outro lado, a alimentação vegetariana é aquela na qual se excluem os alimentos de origem animal, podendo ser parcial quando se mantém o consumo de ovos e/ou laticínios. Já a vegana restringe o consumo de qualquer produto de origem animal e abrange outros aspectos da vida do praticante, restrição em roupas, calçados, cosméticos etc. A professora afirma que a dieta vegetariana, quando bem executada, está associada a menores riscos de doenças crônicas como as cardiovasculares, hipertensão arterial e alguns tipos de câncer.
Readequação de alimentos
Existe no entanto um alerta dos nutricionistas: a retirada das carnes ou dos alimentos de origem animal exigem uma readequação bem executada no consumo de outros grupos vegetais ricos em proteínas como as leguminosas, os cereais e as oleaginosas. “Essa adequação precisa ser em quantidade suficiente e em combinação entre eles. Além disso, é muitas vezes necessária a suplementação de micronutrientes como ferro e B12. O ideal é fazer o acompanhamento bioquímico destes por exames de sangue. Para dietas estritas a suplementação de B12 é mandatória já que apenas alimentos de origem animal são fontes dessa vitamina”, orienta Surya.
A professora diz ainda que a maioria dos problemas relacionados à substituição de alimentos por conta própria se referem ao surgimento de anemia e ao baixo consumo de proteína, que pode trazer redução de células sanguíneas, células do sistema imunológico e perda de massa magra. “Não há risco associado à interrupção brusca, desde que as substituições sejam bem feitas. E este é geralmente o problema para quem faz essa mudança por conta própria”, ressalta ela, frisando que o caminho mais correto é buscar informação e orientação especializada.
“Hoje temos sites disponíveis na internet, como os da Sociedade Vegetariana Brasileira e da Associação Brasileira de Veganismo, que já têm bastante material. Para quem busca uma orientação mais específica e individualizada, o nutricionista é a melhor opção. Ressalto aqui que já temos um número considerável de profissionais que são veganos ou vegetarianos e que se especializaram no tema. Esse é o melhor profissional para quem quer parar de comer carnes e outros produtos de origem animal”, completa.
Além de indicar a procura por ajuda especializada, a preceptora de Nutrição garante que é possível equilibrar a alimentação e deixá-la saudável, independente de ser uma dieta vegetariana ou onívora (com carne). “Hoje, a ciência considera que, de maneira equilibrada em termos qualitativos e quantitativos, tanto a dieta vegetariana e vegana como a onívora podem ser consideradas saudáveis. Existem diferenças, algumas vantagens e desvantagens de cada tipo, porém o importante é considerar que o indivíduo tenha a possibilidade de escolher fazer ou não esse consumo. E, ao optar por consumir ou não alimentos de origem animal, ter uma orientação para que consiga dentro da sua escolha ter saúde ”, aponta Surya.
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