O número de fumantes no mundo aumentou para 1,1 bilhão, segundo levantamento da revista médica britânica The Lancet, publicado em maio de 2021, que reuniu dados de 204 países. O total de mortes é ainda maior, pois o tabagismo matou 7,7 bilhões de pessoas somente em 2019, com mais de 50 enfermidades, dentre elas vários tipos de câncer. E além disso, a pandemia fez aumentar o consumo de cigarros. Esses dados serão discutidos pela Associação Médica Brasileira (AMB) durante o Dia Mundial sem Tabaco, comemorado no próximo dia 29 de agosto.
Desde 2020, com a pandemia de covid-19, o consumo do número de cigarros acabou por aumentar, de acordo com uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apontando que 34% dos fumantes brasileiros declararam ter aumentado o número de cigarros fumados durante a pandemia. Um aumento que reflete os sentimentos de isolamento, tristeza, depressão, ansiedade, medo, pior qualidade de sono e perda de rendimentos, que a incerteza sobre a vida e o futuro trouxeram junto com a pandemia.
O pneumologista e intensivista João Geraldo Simões Houly, professor de emergências clínicas do curso de Medicina do Centro Universitário Tiradentes (Unit Alagoas), conta que, com o surgimento das propagandas e medidas sanitárias contra o fumo, houve uma pequena redução. “Mas com a pandemia enfrentamos esse aumento no consumo de cigarros de 34%. A propaganda negativa com imagens e informações sobre a presença de impotência, cânceres e cardiopatias, trouxe, aparentemente, uma redução do número de fumantes, mas a dependência que a nicotina provoca é muito grande. Além disso, o cigarro possui mais de 4.700 substâncias tóxicas”, disse ele.
Os dados do Ministério da Saúde, explica Houly, que também é diretor Executivo do Hospital do Coração de Alagoas, apontam que o número de fumantes vem diminuindo, mas o número de consumo de cigarros aumentou por conta da pandemia. No entanto, segundo o professor, “é preciso diferenciar o número de fumantes do número de consumo de cigarros”.
Prejuízos do fumo
No Brasil, 17,6% da população é fumante. O Tobbaco Atlas aponta que houve no último ano 150.177 mortes relacionadas ao Fumo e isso custou mais de 73 milhões de dólares para os cofres públicos. Já a revista The Lancet estima que 443 pessoas morrem por dia por causa do tabagismo, ou seja, mais de 160 mil mortes anualmente somente no Brasil.
O aumento do consumo de cigarros é preocupante, porque desde o início das propagandas e legislações federal, estaduais e municipais contra o tabagismo, os números do consumo de cigarros estavam em declínio, saindo de pouco mais de 6,36 trilhões de unidades em 2000 para 5,7 trilhões em 2016 (Tobbaco Atlas)
Narguilé
Largamente utilizado no Oriente Médio, o narguilé é um dispositivo usado para o Fumo, seja com essências, tabaco ou até mesmo substâncias psicoativas, entre elas o ópio. E o uso deste equipamento tem crescido entre a população mais jovem no Brasil, assim como os cigarros eletrônicos.
Para o professor João Houly, tanto o narguilé quanto o cigarro eletrônico são igualmente perigosos e prejudiciais à saúde. “Narguilé é pior que cigarro convencional, pois aumenta a exposição aos componentes do cigarro comum e, como linha de regra, acaba sendo ainda mais deletério. Já o [cigarro] eletrônico tem a vantagem de não ter nicotina, então a dependência física não existe. Contudo, a dependência psíquica acaba sendo semelhante. O negativo é que o vapor do ar aquecido entra nos brônquios pulmonares, e isso é de um componente lesivo, embora menor do que o cigarro comum”, explica.
Outro problema do cigarro eletrônico é a composição das substâncias por quem dele faz uso, incluindo substâncias semelhantes ao cigarro, mas com odores diferentes e com essências. “Alguns usam vapor da água exclusivamente, mas neste caso o grande problema é o calor sobre a árvore brônquica. Quando há os aromatizantes e até mesmo a nicotina, essa mistura é tão ruim quanto o cigarro convencional. Pode até ser mais viciante”, alerta o médico.
Asscom | Grupo Tiradentes