O avanço constante das tecnologias tem gerado impactos em todos os setores da sociedade. Um deles é o da educação, que utiliza cada vez mais os seus recursos e produtos para desenvolver novas formas de ensino e aprendizagem, acompanhando a realidade atual e o comportamento das pessoas. Uma destas formas, que vem sendo adotada de forma mais ampla nas instituições de ensino, é a chamada aprendizagem ubíqua, que aproveita os dispositivos móveis, como smartphones, tablets, smartwatches etc., como ferramentas de aprendizado e comunicação.
Também conhecido como “u-learning” ou “aprendizagem onipresente“, esse novo modelo tem a proposta de criar ambientes de aprendizagem mais flexíveis, dinâmicos, acessíveis e capazes de se adaptar às necessidades e interesses dos alunos. Isso permite que os conteúdos educacionais sejam acessados em qualquer lugar e a qualquer momento, e que tanto alunos como professores realizem atividades de aprendizagem e recebam feedback em tempo real.
De acordo com a professora Ana Cláudia de Ataide Almeida Mota, assessora da Pró-Reitoria de Graduação da Universidade Tiradentes (Unit Sergipe), o objetivo da aprendizagem ubíqua “é proporcionar aos alunos uma experiência educacional mais eficaz e personalizada, que possa ser adaptada às suas necessidades individuais e que ofereça maior flexibilidade e autonomia em relação ao processo de aprendizado”. Tais características são apontadas como um dos principais diferenciais da aprendizagem ubíqua em relação à abordagem tradicional.
A professora também destaca a interatividade e o engajamento dos alunos com o conteúdo e com os professores; o acesso uma ampla variedade de conteúdos diversificados, como vídeos, podcasts, jogos educacionais, microlearning e outros formatos; e um menor custo de implementação, visto que a aprendizagem ubíqua não exige a construção de infraestrutura física, como salas de aula e laboratórios, e pode ser acessada por meio de dispositivos móveis relativamente acessíveis. “Isso pode tornar a educação mais acessível para pessoas de diferentes perfis socioeconômicos”, aponta ela.
Ainda de acordo com Ana Cláudia, a aprendizagem ubíqua vem sendo aplicada de diversas formas no dia-a-dia, em diferentes contextos e ambientes, desde a educação formal até a formação profissional e o desenvolvimento pessoal. A principal modalidade que emprega a nova abordagem é a da Educação à Distância (EaD), sobretudo no ensino superior. Dentro dessa área, destacam-se algumas possibilidades de aplicação deste conceito:
Plataformas de aprendizagem online: o ensino superior pode usar plataformas de aprendizagem online para oferecer conteúdo educacional e atividades de aprendizagem que os alunos possam acessar em qualquer lugar e a qualquer momento. Essas plataformas podem incluir fóruns de discussão, chat, videoconferência e outras ferramentas para permitir interação e colaboração entre os alunos e com os professores.
Dispositivos móveis: os alunos podem usar seus dispositivos móveis, como smartphones e tablets, para acessar conteúdo educacional e realizar atividades de aprendizagem, independentemente de sua localização. Isso permite que os alunos aproveitem o tempo livre em deslocamentos ou em outras atividades para continuar estudando.
Realidade virtual e aumentada: a aprendizagem ubíqua pode incluir o uso de tecnologias de realidade virtual e aumentada, que permitem que os alunos vivenciem situações educacionais realistas em ambientes virtuais. Isso pode ajudar a tornar o processo de aprendizagem mais envolvente e a aumentar a compreensão do conteúdo.
Aprendizagem adaptativa: as plataformas de aprendizagem podem usar técnicas de inteligência artificial para fornecer conteúdo educacional personalizado e atividades de aprendizagem que se adaptem ao perfil e ao desempenho de cada aluno.
Projeto de aprendizagem baseado em problemas: a aprendizagem ubíqua pode incluir o uso de projetos de aprendizagem baseados em problemas, nos quais os alunos são desafiados a resolver problemas reais e aplicar o conhecimento adquirido em situações práticas.
Vantagens e exigências
Ana Cláudia destaca que um dos maiores ganhos que o aluno tem com a aprendizagem ubíqua é uma maior autonomia, isto é, assumir maior controle sobre seu próprio processo de aprendizagem, adaptando-o às suas necessidades, preferências e ritmo individual. “Ela pode ainda promover a aprendizagem ao longo da vida, oferecendo acesso a conteúdo educacional e atividades de aprendizagem em diferentes fases da vida do aluno, e ajudando a desenvolver habilidades e competências relevantes para as mudanças tecnológicas e sociais em curso”, acrescenta.
A professora afirma ainda que a abordagem traz duas exigências. Para os alunos, um alto grau de autonomia e responsabilidade na gestão do próprio processo de aprendizagem, bem como habilidades de comunicação, colaboração, resolução de problemas e pensamento crítico. E para os professores, uma mudança significativa em seu papel tradicional como transmissores de conhecimento para se tornarem facilitadores e orientadores do processo de aprendizagem do aluno, criando ambientes que incentivem a colaboração, a reflexão e a resolução de problemas.
“Além disso, tanto alunos como professores precisam ter habilidades tecnológicas básicas para utilizar as ferramentas e plataformas digitais que suportam a aprendizagem ubíqua, bem como estar preparados para lidar com os desafios e limitações dessa abordagem de aprendizagem, como a falta de interação face a face e a necessidade de gerenciar sua própria motivação e disciplina”, conclui Cláudia.
Asscom | Grupo Tiradentes